Pobreza e desigualdade social em Angola
Os benefícios do crescimento económico de Angola chegam de maneira
bastante desigual à população. É visível o rápido enriquecimento de um
segmento social ligado aos detentores do poder político, administrativo
e militar.
Um leque de "classes médias" encontra-se em formação nas cidades onde
se concentram mais de 50% da população. No país, grande parte da
população vive em condições de pobreza relativa, com grandes diferenças
entre as cidades e o campo: um inquérito realizado em 2008
pelo Instituto Nacional de Estatística indica que 37% da população
angolana vive abaixo da linha de pobreza, especialmente no meio rural
(o índice de pobreza é de 58,3%, enquanto o do meio urbano é de apenas
19%). Nas cidades grande parte das famílias, além dos classificados como pobres, está remetida para estratégias de sobrevivência. Nas área urbanas, também as desigualdades sociais são mais evidentes, especialmente em Luanda.
O advento da paz militar, em 2002, permitiu um balanço diferenciado
dos problemas económicos e sociais extremamente complexos que se
colocavam ao país, mas também do leque de possibilidades que se abriam.
Os indicadores disponíveis até à data indicam que a lógica da economia
política, seguida desde os anos 1980 e de maneira mais manifesta na
década dos anos 2000, levou a um crescimento económico notável, em
termos globais, mas ao mesmo tempo manteve e acentuou distorções
graves, em termos sociais e também económicos.
Convém referir que, nas listas do Índice de Desenvolvimento Humano
elaboradas pela ONU, Angola ocupa sempre um lugar entre os países mais
mal colocados.
Publicado por: António Manuel Mateus
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